24 de fev. de 2016

Metade - Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca porque metade de mim é o que grito mas a outra metade é  silêncio.

Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza que a mulher que amo seja pra sempre amada mesmo que distante porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos porque metade de mim é o que ouço mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço e essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada porque metade de mim é o que penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância porque metade de mim é a lembrança do que eu fui a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito e que o teu silêncio me fale cada vez mais porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção. E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor e a outra metade também.


Um pouco de tudo











22 de fev. de 2016

Até breve

Hoje acordei com um peso no corpo, cabeça, principalmente coração e a vontade de não abrir os olhos está sendo mais forte, pois ainda preciso encarar a realidade e a angústia me consume.
Queria que tudo não passasse  de um sonho ou melhor pesadelo, mas o som que criei das palavras escritas ecoam na minha cabeça.
A chuva que cai lá fora só aumenta a dor que sinto.Com ela vem as lágrimas quentes que persistem em escorrer e sinto seu sabor.
Tento me distrair vendo TV, mas algo me remete a você. Então, vou até meu notebook, leio mensagens, vejo algumas imagens, tento estudar, mas meu pensamento me leva à você.
Fico repassando tudo que falamos, mas sinto que não consigo, não vou conseguir. Me sinto fraca, perdida em sentimentos que logo mais não existirão.
Preciso mergulhar em algo para manter a cabeça em ordem ou longe desse sentimento enquanto vou juntando os cacos do coração.
Resolvo pedalar sem sair do lugar, coloco meus fones, tento me concentrar, mas... a música daquela conversa martela na cabeça melodias tristes e por impulso acabo me entregando as letras e músicas de mesmo tom. Nem o banho morno, aconchegante fez esquecer tudo.
Pela primeira vez nunca desejei que as horas voassem para enfim me ocupar com o trabalho. Este que será meu refúgio de hoje em diante.
Voe, não precisa de mim e quem sabe até breve.

Condi



Complicado




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